“A Judiaria de Trancoso afirma-se como uma referência crescente no Turismo Cultural Judaico mercê da sua preservação ao longo dos tempos e a singularidade dos seus testemunhos que constituem um potencial enorme que pode atrair elevado número de turistas judeus de todo o mundo”.
Esta é a opinião de Nahem Ilan, professor e investigador israelita que integrou um grupo de estudiosos que ontem esteve em Trancoso para conhecer “ in loco” o antigo bairro judeu, as inscrições de cristianização, arquitectura tradicional atribuída aos judeus e a História da Comuna Judaica trancosense.

Os visitantes foram recebidos no Hotel Turismo pelo Vice-presidente do Município, António Oliveira, que evidenciou a importância que teve a comunidade judaica nesta cidade e região, aludindo ainda a vários nomes de famílias atribuídos nomeadamente a espécies vegetais que geralmente são implantados a judeus e seus descendentes.

António Oliveira chamou ainda a atenção para o significado histórico e cultural daquela área situada intra-muros de Trancoso, de raiz medieval e referiu-se à tradição comercial de Trancoso que atribuiu em grande parte à presença dos judeus nesta antiga vila medieval, agora cidade.

Referiu-se ainda à construção do Centro de Interpretação Judaica, em construção no coração da Judiaria, como um importante equipamento que vai permitir aprofundar o conhecimento da presença judaica em Trancoso e região.

Nahem e Amira Ilan, que lideraram os israelitas nesta deslocação, afirmaram, durante o percurso que efectuaram na Judiaria, que Trancoso “é uma localidade referenciada em Israel quando se fala dos Sefarditas (judeus nascidos na Península Ibérica) onde a sua presença é significativamente testemunhada por cruciformes, muitos deles com simbologia dupla e disfarces decorrentes das perseguições da Inquisição”.

“É um museu vivo, onde há vida, com capacidade para trazer a Trancoso estudiosos e investigadores mas também gente comum interessada em saber sobre a História do povo judeu em Portugal, concretamente nesta região e, a partir daqui o que fizeram no mundo, com realce para a Sinagoga de Amesterdão, na Holanda, ou em Antuérpia, Salónica, Esmirna e mesmo Israel”, referiram os especialistas.

Os estudiosos hebreus, que estiveram em Trancoso no âmbito de um Seminário sobre a História e Cultura Judaica que decorreu em Jerusalém, observaram dezenas de cruciformes e inscrições hebraicas (que confirmaram), cãs de arquitectura imputada aos judeus (porta larga e porta estreita), a Casa do gato Negro (que exibe as Portas de Jerusalém e o Leão de Juda, inscrutados na fachada principal), as obras de construção do futuro Centro de Interpretação Judaica “Isaac Cardoso” que vai integrar espaço de culto (Sinagoga), áreas museológica e de estudos, entre outras.