“região de referência na produção de castanha e madeira de castanheiro, marcando fortemente os hábitos das populações nesta época do ano”. A Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal (SCAP) e a Câmara Municipal de Trancoso (CMT), realizou no dia 11 e 12 de Novembro o I Simpósio Nacional do Castanheiro “Espécie a defender”, numa iniciativa onde foi debatida e analisada a importância desta produção tão intrinsecamente ligada à vida social, cultural, agrária e económica do concelho de Trancoso, particularmente.
O Presidente da Câmara Municipal de Trancoso, Júlio Sarmento, sublinhou que esta abordagem, sob uma forma plurifacetada sobre esta produção, reveste-se de grande importância tendo em conta não só o peso económico do castanheiro e da castanha na economia mas também numa perspectiva cultural associada às tradições e práticas rurais mas também a área Ambiental tendo em conta o elevado índice de destruição da espécie principalmente devido aos incêndios florestais, abandono do mundo rural e despovoamento das zonas rurais”.
No caso do concelho de Trancoso, Júlio Sarmento afirmou que “tradicionalmente é uma região de referência na produção de castanha e madeira de castanheiro, marcando fortemente os hábitos das populações nesta época do ano”.
Recordou ainda que no passado a Castanha “ era a base da alimentação das populações rurais, muito antes da introdução da batata, introduzida em Portugal por volta de 1760, oriunda da América do Sul, tendo sido cultivada pela primeira vez em Trás-os-Montes. Representa hoje em dia uma das principais culturas em todo o território nacional, ocupando mais de 100 mil hectares.
O Simpósio decorreu no Auditório do Convento de São Francisco /Teatro Municipal de Trancoso. Participam produtores, técnicos, especialistas, investigadores e autarcas.
O CASTANHEIRO é uma espécie de grande importância económica que apresenta a dupla função de produção de fruto e madeira (soutos e castinçais), ocupando no Interior Norte e Centro do país mais de 30.000 hectares. Portugal detém o 3º lugar como produtor europeu de castanha, com uma produção média anual de cerca de 30.000 toneladas.
Nos últimos anos, produtores e técnicos têm sido confrontados com o declínio dos soutos, quer por morte do castanheiro, mercê de várias doenças designadamente a “tinta”, quer pela debilitação da planta e ainda os incêndios florestais mas também o abandono do mundo rural e despovoamento das regiões produtoras no interior.
Técnicas culturais menos adequadas poderão estar na origem da actual e preocupante fragilidade do castanheiro. Esta tem-se reflectido em baixas produções, na crescente expansão de doenças e na morte de plantas.
Que variedades e que porta-enxertos devem ser usados? Quais as técnicas culturais a adoptar para promover o desenvolvimento de castanheiros sãos e vigorosos? Que estratégias devem ser adoptadas no controlo das pragas e doenças que o atingem?
Dar resposta a estes desafios e à crescente preocupação e interesse na cultura, tornou necessária e oportuna a realização deste simpósio que contou desde o início com o apoio e empenhamento da Câmara Municipal de Trancoso.
Com este evento a Sociedade de Ciências Agrárias de Portugal (SCAP) pretendeu transferir para os agentes desta fileira o conhecimento científico existente, de modo a contribuir para a valorização e sustentabilidade deste sistema agro‑florestal com enorme potencial de crescimento no futuro.
O concelho de Trancoso insere-se na Zona de Produção de Castanha dos “Soutos da Lapa –DOP/Denominação de Origem Protegida” onde pugnam as variedades de Martaínha ( cor castanha-clara) e a Longal (cor castanha-avermelhada e estrias longitudinais escuras). A área geográfica delimitada de produção consta do Despacho 37/94, de 18-01, que também reconheceu a Denominação de Origem.
A Associação Comercial e Industrial de Lamego e Vale do Douro foi reconhecida como Organismo Privado de Controlo e Certificação pelo Aviso do DR nº 29/94, de 04-02. A Denominação de Origem foi registada e protegida pelo Regulamento (CE) nº 1107/96, de 12-06.
Organismo de Controlo e Certificação: BEIRA TRADIÇÃO – Certificação de Produtos da Beira, Lda.
Na região dos “Soutos da Lapa” existem 2745 produtores estimando-se a produção anual de 1.860 toneladas de castanha. A área geográfica de produção está circunscrita a algumas freguesias dos concelhos de Armamar, Tarouca, Tabuaço, São João da Pesqueira, Moimenta da Beira, Sernancelhe, Penedono, Lamego, Aguiar da Beira e Trancoso.