Santos Costa é um trancosense apesar de não ser nascido em Trancoso mas que adoptou esta terra como sua e nela desenvolve uma actividade intelectual e cultural de reconhecidos méritos.
Durante cerca de 10 anos escreveu, de forma regular, novelas românticas para a revista “MARIA” totalizando cerca de 250 contos ou histórias de amor publicados em outros tantos números daquela revista, então uma das de maior tiragem no País, “  uns invulgares (em média) 400.000 exemplares de tiragem por semana” segundo afirma.

“Confesso que não leio romances de amor, mas iniciei este trabalho pela vontade e pela aposta de conseguir penetrar na escrita de um género que não fazia o meu “género” – explica o autor.

A aventura de Santos Costa aconteceu quando, com apenas 16 anos, escreveu um pequeno conto que enviou para a redacção da revista “Crónica Feminina”, da extinta Agência Portuguesa de Revistas.

“O conto foi educadamente rejeitado, com a escusa de que toda a “colaboração era solicitada”, mas envaideceu-me ter obtido uma resposta da chefe de redacção (coisa que, nos nosso dias, não é muito vulgar)”, recorda.

E nesta viagem lembra ainda.”Mais tarde, tinha então 39 anos, enviou um original à extinta “MARIA” , outro conto que foi aceite e, refere Santos Costa, “com tal agrado da redacção que, a partir daí, dei continuidade à colaboração, não interrompendo a remessa mesmo quando fui operado aos olhos – nessa altura, e baseado na experiência da intervenção cirúrgica, escrevi o conto “Lágrimas na Almofada“.

A princípio, os contos da semana tinham um largo espaço na publicação, entre 6 e 7 páginas, o que me permitia alargar no enredo; mais tarde, passou para 5 e 4 e Santos Costa adaptou a criatividade a esse espaço.

“Foi um período interessante, obrigando-me a uma busca interessante de enredos, necessariamente diferentes de número para número. No total, devo ter publicado em cerca de 1.500 páginas da Revista e numa tiragem global e correlativa de 87.500.000 exemplares”, evoca.

Antes de suspender a colaboração, a Editora Impala decidiu publicar um livro com alguns dos contos – 18 à minha escolha de Santos Costa – com o título “AS MELHORES HISTÓRIAS DE AMOR”.

 “O jovem de 16 anos que eu fui não imaginou que, através da sua persistência e gosto pela escrita, que viu recusada a sua primeira tentativa de escritor romântico, se envolvia nesta sequência de duas centenas e meia de títulos. E, conforme escrevi no prefácio do livro acima dito, sempre desejei que a leitura das jovens e menos jovens de então fosse tão gratificante como foi para a mim a sua escrita”, diz o autor recordando a colaboração na “Maria”, revista que marcou gerações com sentimentos de amor.