
População: 187 Habitantes
Dista da Sede de Concelho: 14 Km
Área: 4,23 km²
Orago: Santo António
Pertenceram as terras desta freguesia a D. Maria Pais Ribeiro, passando depois e até 1855 para o domínio do castelo de Sernancelhe. Eclesiasticamente, com o seu orago Santo António, foi a igreja de Palhais um curato anexo à comenda de Sernancelhe, sendo o comendador de Malta quem apresentava o cura com trinta mil réis de pé de altar.
A povoação de Palhais foi fundada na margem esquerda da ribeira a que posteriormente foi dado o nome de Ribeira da Ribeirinha, espécie de homenagem desta região à sua donatária dos primórdios da Nacionalidade. Mais tarde, a população transferiu-se para a margem contrária daquele curso de água, na qual se situavam as casas onde eram armazenadas as palhas, os palhais, fundando aí o novo povoado. A outra povoação que constitui a freguesia, Benvende, é certamente muito antiga, como atesta o seu topónimo. Benvende é sem dúvida genitivo de um nome latino cristão, Beneventus, isto é, tem na sua origem uma Beneventi “villa”.
Nesta freguesia, então no termo de Sernancelhe, situou-se o Convento da Senhora da Ribeira. Foi fundado este cenóbio em 1640 por Frei Pedro de Ameixoeira da Ordem Terceira da Penitência, no local da antiga ermida milagreira de Nossa Senhora da Conceição, mais popularmente conhecida por Senhora da Ribeira. E com esta dupla designação passou a ser denominado o mosteiro.
Mas a Câmara de Sernancelhe tinha imposto aos frades a condição de que só ali existiria o convento enquanto o povo da vila o consentisse. E assim, logo que morreu o fundador, o povo expulsou os frades, mas um leigo da ordem, Frei João Cabeça, apanhando D. João II na romaria de S. Domingos da Queimada, em Armamar, logo obteve do rei a restituição do mosteiro, isto cerca do ano de 1483. Mais tarde, em 1520, D. Maria Pereira, filha dos Condes da Feira, conseguiu expulsar os frades e instituir-se abadessa do convento, sob as regras de S. Francisco. Como era de fortuna abastada, reformou a antiga ermida, ampliando-a, e concluiu as obras do convento, infundindo-lhe prosperidade e disciplina, chegando nele a professar para cima de sessenta religiosas. Tornou-se célebre uma especialidade deste mosteiro, o “doce de pêra”.
A actual Capela da Senhora da Ribeira não será por certo a primitiva, bem como a imagem da Virgem que por não ser do agrado de um antigo pároco da freguesia, foi por ele imolada e enterrada na própria ermida. Mas de grande antiguidade é a romaria da Senhora da Ribeira, muito concorrida pelas gentes das redondezas e que o povo de Palhais, fiel à secular tradição, com devoção vai realizando todos os anos.
Tradição de séculos é aquela de os pastores, no dia da festa, irem acompanhados dos seus gados todos pintalgados e com borlas de lã nos chifres, entregando-os à protecção da Senhora da Ribeira. À volta da capela, viam-se então rebanhos de ovelhas numa desenfreada correria, guiadas por um cão de guarda e ao som de um apito e da voz do pastor.
A importância da ermida e seu orago vem realmente de muito longe, como se infere de uma das respostas dadas pelo pároco de Palhais em 1758: “A esta Ermida, dia de Acemsam vem de romagem a Camera da vila de Trancoso e a Camera da vila de Carapyto e vem mais a cumprir seus votos em dias de Ladainhas a freguesia de Palhais e a do Lugar do Reboleiro e a do Lugar de Cebadelhe e a do Lugar do Rio de Mel que he Bispado da Cidade de Vizeu”.
Atividades Económicas
Senhora da Ribeira (móvel, Maio/Junho)
Festividades
Senhora da Ribeira (móvel, Maio/Junho)
Colectividades
Liga dos Amigos da Freguesia de Palhais e Rancho Folclórico Infantil e Juvenil de Palhais e Benvende
Património
Igreja Matriz, capelas do Divino Espírito Santo e da Senhora da Ribeira, cruzeiros e alminhas
Brasão
Escudo de prata, uma faixeta ondada de azul, carregada de uma burela ondada do campo, acompanhada de dois sinos de negro, realçados de ouro e badalados de vermelho, em chefe e uma gavela de palha, de verde. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: Palhais - Trancoso.