
População: 223 Habitantes
Dista da Sede de Concelho: 23 Km
Área: 9,26 km²
Orago: S. João Batista
Constituída pelas povoações de Granja, Dominga Chã e Vendinha, situa-se esta freguesia numa região que foi classificada por Pina Manique e Albuquerque como a zona de Riba-Côa, isto é, a parte do concelho que pelas suas características se pode incluir na região natural ribacudana – uma “zona granítica sub-montanhosa, com carácter ecológico de transição, a leste e nordeste da portela de Vila Franca, debruando pela falda a serra de Moreira”, com “altitude inferior a 600 metros, clima semi-árido, silva climática mista (carvalho negral, castanheiro, freixo, negrilho, medronheiro e azevinho, presença do pinheiro marítimo), cultura arvense e olivícola, batata de sequeiro”. Esta denominada zona de Riba-Côa é integrada por esta freguesia e pelas de Cogula, Cótimos e Moimentinha.
Nas Inquirições de D. Dinis respeitantes à “pobra” de D. Afonso III, de Póvoa d’El-Rei a Ervas Tenras, foi declarado não existir em termo de Trancoso qualquer honra, à excepção da honra da Granja, que era do Mosteiro de S. João de Tarouca. Ora a Granja é uma freguesia entre aquelas duas povoações, sedes de freguesia do concelho de Pinhel. O seu povoamento, conforme o nome “granja”, importação cisterciense, o indica, deve-se àquele grande mosteiro de Cister, por doações do século XII ou primeira metade do seguinte. Pensa-se mesmo que o povoamento ou fundação da dita “pobra” pelo rei bolonhês deve ter sido uma réplica à da Granja, na posse monástica, pois aquele soberano fazia muitas fundações com o propósito de hostilizar as ordens, as igrejas e os mosteiros.
A freguesia de Granja foi pertença do 3.º Conde de Povolide. Paroquialmente foi um curato de apresentação do abade de Santa Maria, tendo o cura uma renda de quinze mil réis. Mais tarde passaria a vigairaria independente. Na sua memória paroquial, o Padre José Diogo fala-nos da sua igreja, cujo “orago he Sam Joam Batista. Tem tres altares: o altar de Sam Joam Batista, o altar de Nossa Senhora do Rozario, o altar do Santissimo Nome de Jesus. Tem uma Irmandade das Almas; he padroeiro o Espírito Santo”. Quanto a outros templos de culto, refere que em Dominga Chã “tem uma capela de Santo António que he do povo” e “tem mais uma particular que he do Padre Manoel de Sam Paulo; esta he de Nossa Senhora da Conceyçam”.
No “Cadastro da População do Reino”, de 1527, tinha “a granja com A quyntã de mygrychão, 42 moradores”. Em 1758 registava-se nesta freguesia “outenta e coatro fogos e duzentas e trinta e cinco pessoas”. Pelo Censo de 1900, tinha a Granja 138 fogos e 497 habitantes. No último recenseamento, em 1991, apresentava 268 habitantes, curiosamente tantos indivíduos do sexo masculino como do feminino, residindo em 120 habitações.
A 18 de Dezembro de 1828, o corregedor da comarca apresentou na Câmara o decreto de 2 de Agosto, promulgado por D. Miguel, em que se exigia a nomeação de quatro depositários a cujo cuidado ficasse a administração dos bens sequestrados aos pronunciados nas devassas “de rebelião ou retirados do reino sem licença”.
A câmara tudo fez para o evitar, mas depois de obrigada a nomear depositários, em vez de fazer recair a nomeação em miguelistas, escolheu quatro notórios liberais do concelho, um dos quais José Ribeiro das Neves, da freguesia da Granja. Os outros três tomaram posse do cargo a 11 de Abril, declarando não terem encontrado quem os afiançasse, como era exigido, e José Neves não compareceu, apresentando atestado de doença. Contrariado, viria a tomar posse no dia 8 de Maio.
Atividades Económicas
Agricultura, pecuária, panificação, construção civil e pequeno comércio
Festividades
Nossa Senhora de Fátima (domingo a seguir a 13 de Maio)
Colectividades
Associação de Melhoramentos da Granja
Património
Igreja Matriz, capelas da Senhora da Aparecida e de Dominga Chã, Ponte dos Carvalhais e sepulturas
Brasão
Escudo de ouro, quatro telhas de vermelho postas em pala e alinhadas em faixa; em chefe, nimbo raiado de vermelho, carregado de Agnus Dei de prata, sustendo com a mão direita uma haste crucífera de ouro, com lábaro de prata carregado de uma cruz de vermelho; em campanha, pé de videira, arrancado, de verde e frutado de púrpura. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: Granja -Trancoso.