António Andrade Mendes é natural de Póvoa do Concelho e aos 66 anos de idade, é um homem de sucesso um dia deixou o concelho de Trancoso e realizou com trabalho o “sonho do Brasil” na cidade de Belo Horizonte, no Estado de Minas Gerais.Formou-se em Direito, é Advogado de formação, vice-presidente do Centro da Comunidade Luso-Brasileira (CCLB), de que foi presidente até há dois anos, instituição que vai completar o seu primeiro centenário em 2012 e é actualmente presida pelo seu filho, Leonardo Mendes, também advogado.
A aventura brasileira começou em 1962, quando aos 18 anos de idade e face á proximidade do cumprimento do serviço militar obrigatório que o poderia levar até terras africanas onde a Guerra Colonial tinha estalado, deixou a Povoa do Concelho e foi para Minas Gerais onde se fixou, em Belo Horizonte.
“Os primeiros tempos não foram fáceis mas cheguei com vontade de vencer, determinação e força criativa “, confessa.
Começou por ser empregado em “ secos e molhados”, isto é, comércio geral de mercearia mas cedo enveredou pela área da construção civil, tendo construído empresa própria e edificado alguns dos mais emblemáticos edifícios de Belo Horizonte, a terceira cidade em população do Brasil.
A construção civil e a exploração de postos de combustível constituem a sua principal actividade profissional que o tem levado ao sucesso empresarial.
“Isto só foi possível com sacrifício, mas a minha terra natal, Povoa do Concelho, perto de Trancoso, continua na minha mente e na minha saudade e sempre que posso vou matar saudades com parentes e amigos”, afirma.
Orgulha-se de ser oriundo de gente simples e ver continuada a sua obra através dos filhos Leandro, engenheiro, Leonardo, advogado professor universitário e presidente do CCLB e Eliane, a cursar direito.
O Centro da Comunidade Brasileira tem sido visitado ao longo do tempo por ilustres personalidades portuguesas de que António Andrade Mendes destaca os ex-Presidente da República, Craveiro Lopes, Mário Soares e Jorge Sampaio, o deputado Carlos Páscoa, mas também vários escritores, jornalistas, empresários, políticos de ambos países, atletas e gente comum.
O trabalho que, ao longo dos tempos, o CCLB tem desenvolvido reflecte-se, na sua opinião, sobretudo na área cultural destacando a Biblioteca Nunes Figueiredo, coordenado pela Directoria Cultural e que representa a homenagem ao primeiro presidente da instituição criada em 1912 por iniciativa de famílias portuguesas que chegaram a Belo Horizonte.
Este é um dos ex-líbris do CCLB. A Biblioteca possuiu um importante acervo de literatura portuguesa e brasileira, alguns livros raros em todo o Brasil, jornais e revistas portuguesas, enciclopédias, estudos, condecorações, objectos portugueses de referência e distinções atribuídas ao Centro e a personalidades que o integraram.
O grupo Folclórico Gil Vicente constitui outra das actividades que António Andrade Mendes salienta “ criado para levar aos palcos, aos lugares públicos e onde for possível a cultura portuguesa, mas também a jovialidade dos jovens que integram o grupo.
A “Tribuna Lusitana” é o jornal do CCLB que, de alguma forma, pretende “retratar a vitalidade do Centro, unir a Comunidade Luso-Brasileira, elucidar sobre a temática da Língua Portuguesa e divulgar um pouco da cultura lusa”.
Novo passo é dado no domingo, 11 de Abril, com a inauguração do Espaço de Leitura e do Complexo Desportivo da Casa de Portugal, que envolve um campo polivalente para prática de varias modalidade e ainda de campos de ténis.
Porém a presença de Portugal e da Comunidade Portuguesa em Belo Horizonte, é destacada por António Andrade Mendes com a inauguração, há cerca de quatro anos, no tempo do Prefeito de BH, Fernando Pimentel, da Praça Luís de Camões onde se encontra um busto do poeta e ainda do Largo de Portugal em que foi instalada uma lápide alusiva e toponímica.
E sublinha, com um certo sotaque brasileiro:”é um orgulho ser-se português nesta terra e neste país que por nós, portugueses, foi descoberto. O Brasil tem uma raiz e matriz lusitana de que nos devemos orgulhar. Fomos os primeiros a aqui chegar e só muitíssimo depois, já tarde no tempo, vieram holandeses, franceses, italianos, espanhóis e outros. Fomos nós que demos a este país a lusofonia. É importante que os Governos de ambos países tenham essa consciência e desenvolvam as relações, fortalecendo a língua portuguesa, a interculturalidade e sobretudo a amizade e cooperação”.
O Centro da Comunidade Luso-Brasileira, CCLB, de Belo Horizonte foi criado, como instituição com fins não-lucrativos, em 1912, com o objectivo principal de promover o convívio entre portugueses e luso-brasileiros e a preservação dos valores e tradições culturais lusitanas.
Procura, simultaneamente, difundir essas tradições no Brasil buscando a participação de cidadãos brasileiros e, assim, reforçar os tradicionais laços de amizade entre Portugal e o Brasil.