O Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, marcou presença ontem em Trancoso, na cerimónia que marcou a criação do Gabinete de Apoio ao Emigrante (GAE) que vai funcionar adstrito à Câmara Municipal.

Para o efeito foi celebrado um protocolo subscrito pelo Presidente do Município, Júlio Sarmento e pelo Director-Geral dos Serviços Consulares e Comunidades Portuguesas, Embaixador Santos Braga.

O governante realçou a importância das Comunidades Portuguesas no estrangeiro – que envolvem cerca de cinco milhões de cidadãos – na recuperação e crescimento económico do país e criação de emprego”. Cada elemento de uma comunidade portuguesa lá fora, particularmente os que já nasceram lá, que são a maioria, têm amigos, têm negócios, têm actividades relevantes sob o ponto de vista político, académico, há gente de grande relevância na investigação científica e essas pessoas podiam ampliar de uma forma tremenda o nosso mercado”, disse.

José Cesário frisou que “este conjunto de quase cinco milhões de pessoas “que são tão portugueses como nós, têm de estar o mais próximo possível de Portugal e quem tem a ganhar em primeiro lugar somos nós que estamos em Portugal”.

Adiantou, que muitas dessas pessoas, quando vêm a Portugal tratar de algum problema, não o conseguem resolver porque a nossa Administração não está preparada para tal, não sabe lidar com este tipo de clientes, de utentes, que estão habituados a outros procedimentos, a outras regras, a outra legislação de acordo com os países onde residem. Outros regressam, fixam-se nas suas terras e são confrontados com problemas tremendos e “ mais baralhados ficam, com problemas da Segurança Social, de educação por causa dos filhos ou netos, pelo que temos de adaptar a nossa Administração a este universo de pessoas”.

E questionou:”Como é que podemos tirar destes milhares de pessoas o máximo proveito porque se revêem profundamente em Portugal, eles evocam Portugal permanentemente, eles sentem sempre Portugal de uma forma que às vezes nós não sentimos aqui, como é que nos conseguimos aproximar deles?”

Depois de dizer ver em Júlio Sarmento, Presidente da Câmara Municipal de Trancoso “como um referencial do Poder Local, que fez um trabalho notável em Trancoso e que é reconhecido na região” salientou ainda o empenhamento do autarca que “confrontou a Direcção-geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas com esta questão, querendo entrar na rede de Municípios que possuem Gabinete de Apoio ao Emigrante”.

Com a criação do GAE, o Secretario de Estado disse que não se vai gastar “mais um cêntimo do que aquilo que gastamos actualmente, vamos apenas juntar esforços, capacidades, competências porque nós – a Secretaria de Estado e a DGSCCP – sabemos tratar um determinado conjunto de respostas, de matérias como por exemplo os problemas de Segurança Social que são tremendos”,referiu também que,  “vão utilizar-se as capacidades e competências da Direcção Geral dos Serviços Consulares e das Comunidades Portuguesas e juntá-las ao cerne da Câmara Municipal, aos funcionários que já atendem essas pessoas e que agora vão poder atende-las com uma formação especifica para esse tipo de assuntos e portanto, vão rentabilizar-se serviços.

José Cesário observou que “há municípios onde o número de processos tratados no âmbito destes Gabinetes de Apoio ao Emigrante representam entradas mensais nos cofres daqueles municípios de várias dezenas milhares de euros mensais, só de processos de Segurança Social, de pensões que muitas vezes as pessoas pensam que não conseguem recuperá-las”.

Por isso entende que os GAE “são de profundo interesse para o Município, para as pessoas que aqui vivem, para os comerciantes que podem ter aqui pessoas com mais poder de compra e obviamente aqueles que vierem do estrangeiro e têm de tratar deste tipo de problemas”.

Júlio Sarmento, Presidente do Município de Trancoso, evidenciou a importância que as Comunidades Portuguesas no exterior desempenham e podem desempenhar na recuperação do país e disse que também o concelho de Trancoso é uma terra de emigração para a Europa e Brasil.

Na sua opinião “é de uma importância estratégica de reorganização da política dos Negócios Estrangeiros aproveitar as comunidades portuguesas que estão espalhadas pelo mundo, onde existem portugueses de muito sucesso que podem também ter um olhar diferente sobre o seu País. É sobretudo a diplomacia económica que é importante sublinhar e que está subjacente também no protocolo de constituição do GAE em Trancoso”.

A criação do gabinete pode, na opinião do edil, “ ser muito útil para os concidadãos mas pode também potenciar outros investimentos e negócios para o que o protocolo agora assinado abre novos horizontes”.