De 4 a 30 de Setembro no Centro de Interpretação da CogulaO Centro de Interpretação de Cogula expõe de 4 a 30 de Setembro a exposição “Couscous Com Feijão” juntando, por iniciativa da Câmara Municipal de Trancoso e TRANCOSO EVENTOS E.E.M. trabalhos dos fotógrafos Paulo Santos e Pedro Afonso.
Retratando realidades e vivências de dois países unidos por um só continente – a África – esta mostra apresenta grande significado documental e convida o visitante à reflexão, admiração e a uma viagem num espaço cheio de matizes inolvidáveis.
Paulo Santos e Pedro Afonso são dois personagens de uma história que começou em 2010, data em que partiram numa aventura rumo ao desconhecido.
Para um, o desconhecido tomou forma na Argélia; para o outro, em Moçambique. De um lado, um estágio internacional de seis meses; do outro, um projecto de voluntariado de sete semanas. As motivações e contextos em que ambos partiram foram diferentes, as experiências que cada um viveu, únicas. No final, o factor comum entre os personagens é o território onde a história se desenrola: África.
Foi assim que surgiu o projecto “Couscous com Feijão”, que pretende mostrar duas realidades distintas do continente africano e levar à descoberta de semelhanças e diferenças entre elas mas, ao mesmo tempo, pôr em contacto o “nós” e o “eles”, permitindo-nos fazer o mesmo exercício das diferenças e semelhanças entre “cá” e “lá”.
Paulo Santos
Natural da Guarda, nasceu a 1 de Agosto de 1984. Em 2002 terminou os estudos na cidade mais alta e rumou a Lisboa para ingressar no ISCTE – IUL onde, em 2009, terminou o Mestrado Integrado em Arquitectura. O interesse pela fotografia surgiu de forma natural, e naturalmente foi fazendo fotografia sempre que podia. Em 2009 juntou ao gosto de fotografar o prazer de viajar, primeiro numa viagem de carro de Lisboa até Barcelona, depois num Inter Rail de 22 dias pela Europa de Leste. Em 2010 foi bolseiro do programa de estágios internacionais INOV Contacto e foi enviado, durante 6 meses, para a Argélia. Ainda em 2010, fez uma viagem de 40 dias pelo Brasil. Tem textos publicados na revista Fugas, na revista Outras Coordenadas e colabora mensalmente com a Visão.
“One, Two, Three…Viva l’Algérie”
“No início de 2010 parti em direcção a Argel, a capital da República Popular e Democrática da Argélia, para uma estadia de 6 meses (uma aventura proporcionada pelo programa de estágios internacionais INOV Contacto). Apesar de todas as más referências que me iam dando aqui e ali, sobre o país, não era o medo que me enchia o pensamento. Era, antes, uma vontade enorme de ir à descoberta. E, embora tenha partido num contexto de trabalho, aproveitei todos os momentos que pude para explorar esse país 25 vezes maior que Portugal. Quando regressei, trazia na bagagem um país feito de mar, montanhas, neve e deserto.”
Pedro Afonso
Albicastrense, nasceu a 4 de Agosto de 1987. Viveu em Castelo Branco até aos 18 anos, altura em que se mudou para Lisboa, onde, actualmente, termina o Mestrado em Engenharia Informática na FCT-UNL.
Combina uma paixão antiga, a fotografia, com um interesse mais recente, as viagens. Do Mundo, guarda cada momento sem igual, mas destaca os 40 dias pela Europa até Istambul; os 1700km percorridos pelo interior de Marrocos em 5 dias com um carro alugado; as 4 semanas nos Pirenéus; o caminho português até S. Tiago de Compostela e as 7 semanas de voluntariado em Moçambique.
Em 2010, criou o projecto online “Vai e Sente”, onde partilha as suas fotografias e crónicas de viagem e o projecto fotográfico “Moçambique, falei de ti a toda a gente!”, que deu origem a um diário de viagem Visão.
“Moçambique, falei de ti a toda a gente!”
“Terminava o InterRail e descobria que tinha de ir mais além. Precisava uma experiencia limite. Conversei com amigos que me falaram do GASNova – Grupo de Acção Social com projectos de Verão em África. 10 Meses depois, no final de Julho de 2010, estava de partida para Moçambique.
O projecto consistia na animação de um orfanato, colaboração com um centro de saúde local, explicações a estudantes com dificuldades e aulas numa comunidade isolada. Arrisco-me a dizer que a verdadeira mais-valia de um projecto deste tipo é o intercâmbio, a hipótese que tanto “nós”, como “eles” têm de lidar com culturas tão distantes e distintas. O impacto que esse contacto pode ter na vida de cada um, é indeterminável.
Dessa experiência fica a certeza de que a missão não terminou quando regressei, mas, pelo contrário, tornou-se ainda mais clara a necessidade de comunicar e partilhar as vivências, os costumes, todo aquele povo sofredor mas alegre, toda aquela terra. Neste tempo de crise, acho fundamental partilhar as dificuldades de outros povos, que lutam hoje apenas para poderem lutar amanhã, onde o pessimismo não existe, apenas a esperança. Fomos para ensinar, mas muito aprendemos com o povo moçambicano”.