Dia 10 de Junho de 2012 António Andrade Mendes, natural de Póvoa do Concelho, empresário de sucesso em Belo Horizonte (Brasil) e dirigente do Centro da Comunidade Luso-Brasileira /Casa de Portugal de Belo Horizonte, foi agraciado pelo Presidente da República com a Comenda da Ordem de Mérito no âmbito das celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas de 10 de Junho deste ano.
A distinção reconhece nesta personalidade, que se cumpriu longe da sua terra, as suas qualidades de empreendedor, empresário, humanas, de solidariedade, portuguesismo e de iniciativa que tem desenvolvido no estado de Minas Gerais.

António Andrade Mendes é natural de Póvoa do Concelho onde nasceu a 4 de Janeiro de 1944. Formou-se em Direito, é Advogado de formação, vice-presidente do Centro da Comunidade Luso-Brasileira (CCLB), de que foi presidente até há cerca de três anos, instituição que assinala o seu primeiro centenário em 2012 e que é actualmente presida pelo seu filho, Leonardo Andrade Mendes, também advogado.

Em busca do “sonho brasileiro” rumou a Terras de Vera Cruz em 1962. Tinha então 18 anos de idade e aproximava-se o serviço militar obrigatório e, daí, o quase certo rumo a África e à Guerra Colonial que tinha estalado. Foi para Minas Gerais onde se fixou, em Belo Horizonte.

António Andrade Mendes não esconde que, de inicio, os tempos foram difíceis mas que a vontade de singrar naquelas paragens, longe da terra, da família e dos amigos, lhe alimentou “a determinação de vencer, determinação e força criativa“, confessa.

Começou por ser empregado em “secos e molhados”, isto é, comércio geral de mercearia mas cedo enveredou pela área da construção civil, tendo construído empresa própria e edificado alguns dos mais emblemáticos edifícios de Belo Horizonte, a terceira cidade em população do Brasil.

A construção civil e a exploração de postos de combustível constituem a sua principal actividade profissional que o tem levado ao sucesso empresarial que conseguiu, segundo afirma “com sacrifício mas também com a preciosa ajuda da família”.

António Andrade Mendes confessa ter saudades da terra natal – Póvoa do Concelho, perto de Trancoso: “ daquela terra tenho recordações distantes mas sempre presentes, está na minha mente e na minha saudade e sempre que posso vou matar saudades com parentes e amigos. Apesar de longe, nunca deixei de me afirmar português, natural de Povoa do Concelho e de Trancoso, meu concelho”.

Filho de gente simples e honesta, foi no seio familiar que se moldou e adquiriu as qualidades que o levaram a construir em Belo Horizonte uma obra vasta que se traduz já num valioso património empresarial, sempre congregando à sua volta portugueses e portuguesas residentes naquela capital brasileira, alguns dos quais  nascidos em Trancoso e seu concelho.

Em recente visita realizada a Trancoso, onde se avistou com o Presidente do Município, Júlio Sarmento, e com o Vice-presidente da Câmara, António Oliveira, o Juiz Desembargador em Belo Horizonte, António Armando dos Anjos, também natural de Povoa de Concelho enaltecia as “qualidades de honestidade, determinação, tabalho e solidariedade e também do portuguesismo de António Andrade Mendes” em terras brasileiras.

A mesma opinião foi manifestada pelo Promotor de Justiça Titular junto das Varas Empresariais de Belo Horizonte, Marco António Borges, que acompanhou aquele magistrado e que desempenha funções de vice-Presidente do Centro da Comunidade Luso-Brasileira de Belo Horizonte.

O agora Comendador da Ordem de Mérito esta certo na continuação da sua obra através dos filhos Leandro, engenheiro, Leonardo, advogado professor universitário e presidente do CCLB e Leane, a cursar direito.

Este Centro tem desenvolvido um trabalho que na sua opinião tem impacto na união da Comunidade Lusa e de luso-descendentes numa acção sobretudo na área cultural destacando a Biblioteca Nunes Figueiredo, coordenado pela Directoria Cultural e que representa a homenagem ao primeiro presidente da instituição criada em 1912 por iniciativa de famílias portuguesas que chegaram a Belo Horizonte. O acervo desta Biblioteca é de realçar sobretudo no relativo à Literatura Portuguesa e Brasileira, com livros raros em todo o Brasil, além de jornais e revistas portuguesas, enciclopédias, estudos, condecorações, objectos portugueses de referência e distinções atribuídas ao Centro e a personalidades que o integraram.

O Centro da Comunidade Luso-Brasileira de Belo Horizonte integra o Grupo Folclórico Gil Vicente “criado para levar aos palcos, aos lugares públicos e onde for possível a cultura portuguesa, mas também a jovialidade dos jovens que integram o grupo”, diz António Andrade Mendes

Além disso, a “Tribuna Lusitana” é o jornal do CCLB que, de alguma forma, pretende “retratar a vitalidade do Centro, unir a Comunidade Luso-Brasileira, elucidar sobre a temática da Língua Portuguesa e divulgar um pouco da cultura lusa”.

Porém a presença de Portugal e da Comunidade Portuguesa em Belo Horizonte, é destacada por António Andrade Mendes com a inauguração, há cerca de seis anos, no tempo do Prefeito de BH, Fernando Pimentel, da Praça Luís de Camões onde se encontra um busto do poeta e ainda do Largo de Portugal em que foi instalada uma lápide alusiva e toponímica.

O Centro da Comunidade Luso-Brasileira, CCLB, de Belo Horizonte foi criado,  como instituição com fins não-lucrativos, em 1912, com o objectivo principal de promover o convívio entre portugueses e luso-brasileiros e a preservação dos valores e tradições culturais lusitanas. Procura, simultaneamente, difundir essas tradições no Brasil buscando a participação de cidadãos brasileiros e, assim, reforçar os tradicionais laços de amizade entre Portugal e o Brasil.

António Andrade Mendes diz-se surpreendido com a condecoração da Ordem de Mérito e remata: É uma distinção que me foi concedida mas representa muito mais, vai mais além do que a minha pessoa. É extensiva a todos os portugueses e luso-descendentes que de forma empenhada cumprem Portugal longe, em terras do Brasil, onde fomos os primeiros a chegar e só depois vieram espanhóis, franceses, holandeses, ingleses e tantos outros. Somos gente laboriosa, com tenacidade, somos um Portugal sem fim”.