Centro Cultural de Trancoso –      8 a 31 de Maio 

“Trancoso é a terra dos cinzentos, cinzento que não é tristonho, o cinzento dos seus monumentos e calçadas, das auréolas das janelas, o cinzento das muralhas e das portas e tudo isto brilha com o branco e lhe dá luz e brilho”.

Assim se expressou a pintora Célia Alves sobre a “cidade do Magriço e de Bandarra” na inauguração da sua exposição de Pintura “Liturgia da Terra”, mostra artística que o Presidente do Município de Trancoso, Júlio Sarmento, definiu como “uma exposição que tem vida, onde há vida” e que até 31 de Maio está patente ao público no Centro Cultural de Trancoso.

Célia Alves é natural da freguesia de Vila Franca das Naves, confessou recordar-se de, na infância, “espreitar através dos portões grandes de ferro, as flores dos quintais, as glicínias e os lilases” de que disse gostar assim como os amores-perfeitos.

 

A artista, demonstrando grande sensibilidade pela Natureza, observou positivamente o ajardinamento com amores-perfeitos das rotundas de Trancoso que definiu como “ uma planta e flor mesmo típica desta terra e região.

 Sobre as suas obras, explicou que os trabalhos que realiza “são baseados não em pessoas que já faleceram mas sim em pessoas que são vivas e todas as mulheres aqui representadas são vivas, todas trabalham ainda no campo, tem o seus grandes chapéus com abas geralmente muito largas e, debaixo do chapéu, cria-se uma certa ambiência própria para estes trabalhos da terra”.

Concluiu estes raciocínios afirmando que, no caso “destas mulheres nas aldeias estão muito melhor no seu meio do que estão no meio citadino que, na verdade não lhes diz nada.

A inauguração da Exposição “Liturgia da Terra” foi complementada por palestras alusivas com intervenção de Maria Antonieta Garcia sobre “ Senhoras da Beira: mães assim na terra como no céu” e Vítor Pena Viçoso sobre “Do declínio à reinvenção de uma nova ruralidade”.